quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Empréstimo

O empréstimo linguístico ocorre quando uma língua integra uma palavra existente em outra língua, sendo que a palavra não sofre grandes alterações e mantém o mesmo sentido. As palavras tomadas como empréstimo são igualmente denominadas empréstimos. Há que distinguir entre o empréstimo e o neologismo: uma palavra que é criada em português com base em palavras de outras línguas. Por exemplo, além da palavra ‘chef’, que identificamos acima como descendente francês do latim ‘caput’, cuja forma em que normalmente é citado em proto-romance pode bem ter sido capu(m), encontramos também no francês moderno, a palavra ‘cap’ (caf ‘de pied em cap’, literalmente “do pé à cabeça”). A forma cap viola claramente todas as três formas sonoras (além da perda da vogal final) necessárias para derivar chef de capu. A explicação é que a forma foi tomada emprestada pelo francês (em época relativamente remota) ao provençal, ao qual não se aplicaram as leis sonoras em questão. Veja outros exemplos:

Língua
Na língua
Em Português
sekolah
escola
caste
casta
bateren
padre
zonel
janela
bendera
bandeira
mesa
mesa
paun
pão


Podemos afirmar, acerca de empréstimo, que afirmamos sobre analogia: trata-se de um fator muito mais importante para a mudança linguística do que supunham os neogramáticos (e muitos dos seus seguidores). Particularmente, o empréstimo, como analogia, não se deve ser visto como fonte de mera explicação para exceções aparentes às leis sonoras.
Seja como for, é certo que os neogramáticos estabeleceram uma distinção nítida demais entre o que poderia ser tratado em termos de leis sonoras e o que deveria ser explicado para analogia ou empréstimo. Entretanto, a maior parte das explicações sobre o desenvolvimento histórico das línguas ainda seguem os neogramáticos quanto a esse aspecto.
Deste modo, nossa língua sofreu influências de muitas línguas ao longo do tempo. Nossa língua sofreu influências das línguas francesas, inglesa, normanda e grega. Segundo Robins (1977), “as línguas estão em um contínuo estado de mudança, e empréstimos dever ser considerados como aquelas palavras que não estavam no vocabulário em um período e que nele estão num período subsequente”, ou seja, as pessoas mudam e com elas a língua também evolui e esses acontecimentos devem ser considerados como inerentes ao processo linguístico, pois vocábulos que antes não integravam uma língua passam a integrá-la para suprir supostas “carências” em expressar as necessidades dos falantes. O linguista ainda afirma que uma língua recebe empréstimos constantemente, “mas sua frequência e suas fontes são temporariamente atingidas por fatores políticos e outros que resultam de contatos culturais restritos de uma ou outra espécie”.

LYON, JOHN. Linguagem e linguística
Wikipédia
ROBINS, Robert Henry. Linguística Geral.



Por: Xênia Valéria Rodrigues Gomes

Analogia

O conceito de analogia remonta à antiguidade. O termo analogia designou, entre os gramáticos gregos, o caráter de regularidade atribuído à língua. Nessa perspectiva destacou-se, por exemplo, um certo número de modelos de declinação, tendo sido também classificadas as palavras segundo estivessem ou não conforme um desses modelos. A analogia fundou assim a regularidade da língua. Serviu, por conseguinte, para a explicação da mutação linguística, sendo, por tal fato, oposta à norma*. A analogia funciona assim, segundo a expressão de F. De Saussure, como a "quarta proporcional". Esse tipo de encadeamento lógico desempenha o seu papel, por exemplo, quando se pronuncia, em francês, o plural de cheval como o singular. Em tal caso o locutor procede da seguinte maneira: [l(ә)   toro], le taureau, corresponde um plural [letoro], les taureaux, portanto, ao singular, [l(ә)∫(ә)val], le cheval, corresponderá um plural [le∫(ә)val], les chevals. Dir-se-á "x será para je dis o que vous lisez é para je lis"; assim é que se obtém a forma *vous disez. Desse ponto de vista, a analogia desempenha portanto um papel importante na evolução das línguas, e os neogramáticos a utilizaram para relacionar exceções às suas leis fonéticas.

Dicionário de linguística - Dubois, Jean. Editora Pensamento-Cultrix LTDA




Por: Xênia Valéria Rodrigues Gomes


sábado, 9 de novembro de 2013

Mudança linguística

A mudança linguística é um processo de modificação e transformação que todas as línguas em geral experimentam - e as unidades linguísticas de cada um dos seus níveis, em particular -, na sua evolução histórica.
Podemos perceber a mudança linguística quando comparamos textos antigos com a escrita atual; ou quando falantes de gerações, ou classes econômicas, ou culturas diferentes se encontram e começam a dialogar. Estas situações revelam que a língua está constantemente passando por transformações, ou seja, “que estruturas e palavras que existiam antes não ocorrem mais ou estão deixando de ocorrer; ou então, ocorrem modificações em sua forma, função e ou significado” (Farraco,1991, p.10). O autor aponta ainda algumas características da mudança linguística. Esta é contínua, lenta e gradual, e relativamente regular. E, relata que para de fato uma variação linguística tornar-se uma mudança ela deve ser aceita na oralidade por toda comunidade de falante e “passar” para a escrita.
A mudança linguística se diferencia da variação linguística. Enquanto na mudança linguística, as modificações são diacrônicas - e, portanto, são objeto de estudo da linguística histórica. Já as variações linguísticas são sincrônicas e constituem o objeto de análise da sociolinguística, entre outras disciplinas.
Muitas teorias sobre a mudança linguística foram propostas. Mas nenhuma delas dá conta de todos os fatos. Não existindo uma teoria da mudança linguística que trate, apenas, dos fenômenos de uma língua particular. Vale lembrar, enfim, que os termos linguística histórica e linguística diacrônica são outras denominações para a teoria da mudança linguística.
Nesse contexto é útil distinguir entre a história da língua que investiga o desenvolvimento das línguas particulares e a teoria da mudança linguística que se ocupa dos aspectos universais desse fenômeno.
De certa forma a linguística histórica exclui, da teoria da mudança linguística, uma parte que, atualmente, chama muito a atenção dos pesquisadores: a mudança linguística em curso, que pode ser observada, no tempo presente, mas que (ainda) não pode ser vista como parte da história de uma língua.
Com o fenômeno da mudança surge, também, o problema da identidade de uma língua, pois apenas é possível falar de mudança se uma variedade consegue manter uma certa identidade dentro da história e do espaço.
Convém mencionar, ainda, os processos de mudança linguística que têm sua motivação dentro do sistema linguístico, como a motivação fonológica de manter ou aumentar certos contrastes no sistema e a motivação de realizar certas regularizações fonológicas e morfológicas.
No âmbito da teoria da mudança linguística, um ponto central de discussão encontra-se na procura das causas da mudança linguística. De um lado, convém perguntar pelo papel da causalidade no contexto da formação e na adoção gradual de inovações. Do outro, observa-se que as variações/inovações que surgem no contexto da atividade comunicativa e na realização de uma determinada intenção comunicativa têm uma base que pode ser determinada e justificada pela finalidade.
Desde o início do estudo dos processos de mudança linguística, acreditou-se que há uma ligação íntima entre a evolução e a mudança em geral. No século XIX, tentou-se interpretar os desenvolvimentos gerais e os processos de declínio da cultura no sentido de dar contextualização sócio-histórica aos desenvolvimentos linguísticos.
O estudo científico da mudança linguística ocupou-se até hoje, principalmente, da mudança nos diferentes níveis e posições hierárquicas do sistema linguístico. Todos esses tipos de mudança dizem respeito à langue, no sentido estrito. As mudanças linguísticas que pertencem mais à parole e que afetam o conhecimento linguístico dos falantes individuais ou de grupos de falantes são, raras vezes, incluídas e quando são consideradas, são analisadas apenas, de passagem. Dentro do espectro das condições que determinam o desenvolvimento de uma língua, é possível, também, ver, de modo semelhante, as mudanças específicas que ocorrem nas diferentes gerações de falantes. Nesse tipo de mudança, pode-se observar que, na produção linguística de falantes em diferentes períodos da vida, a porcentagem de formas padrões e dialetais mudam de uma maneira típica. É verdade que, nesse processo, não se trata de uma mudança permanente e de caráter linear que altera partes do sistema linguístico, mas, no estudo sociológico dos processos de mudança, também é comum considerar, ao lado da mudança linear, os processos da mudança cíclica.
A mudança linguística realiza-se, também, na comunidade linguística. Portanto, o sistema das variedades típicas para uma comunidade linguística também deve ser incluído.
Quando se fala em mudança linguística, é comum dividir o processo total da mudança em fases ou processos parciais; a saber, delimita-se, primeiramente, a fase da formação da variação; em segundo lugar, discrimina-se a fase da seleção da variação e da formação de inovações; e, em terceiro lugar, descreve-se como, no processo final, a inovação é implantada no sistema linguístico, no conhecimento linguístico e na comunidade linguística, ou, em caso contrário, como se passa a inversão desse desenvolvimento quando os falantes ou certos grupos de falantes resistem a essa mudança.
Os processos de generalização de tais inovações podem ser descritos em três níveis diferentes que são: no nível da langue, no nível do conhecimento linguístico dos falantes individuais e, finalmente, no nível da comunidade linguística.
Desse modo, as variações que, devido à variação inerente à língua ou devido à variação funcional, apareceram em complexas e densas redes sociais que assumem, regularmente, o caráter de um marcador para a identificação social do grupo no qual elas surgiram. Nas redes mais simples e mais abertas, nas quais a orientação pela ascensão social pode ser importante, é possível que essas mudanças sejam provocadas por variações induzidas pelo contato com sistemas vizinhos de prestígio, por exemplo, com o sistema da língua padrão. Encontra-se aqui, certamente, um fenômeno sociolinguístico muito importante e altamente significativo para a teoria da mudança linguística.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Método Comparativo



Maneira padrão de demonstrar o relacionamento genético entre as línguas. Na Alemanha, o erudito alemão Franz Bopp conseguiu demonstrar as relações de parentesco entre línguas europeias – como o latim e o grego – com outras línguas orientais – como o persa, e, especialmente, o sânscrito, cuja gramática havia sido conservada pelo cuidado com os textos sagrados hindus. 

Bopp então levantou a hipótese de que estas línguas derivariam de uma raiz comum, o indo-europeu, e as classificou como indo-europeias. O indo-europeu divide-se em dois grandes ramos: o asiático (hitita, tocário e indo-iraniano) e o europeu (grego, latim, céltico, germânico, báltico, albanês e armênio).

Com a finalidade de estabelecer a comparação das palavras e estruturas gramaticais de línguas que possuem uma origem comum, o método comparativo permite-nos depreender fonemas, elementos morfológicos ou étimo, não documentados na língua de origem, ou seja, permite a reconstrução das formas desaparecidas. 

O objetivo principal dos comparatistas históricos do século XIX era desenvolver e elucidar o parentesco genético existente nas línguas faladas no mundo. Procuraram, assim, estabelecer as principais famílias de línguas do universo e definir princípios básicos para a classificação dessas línguas.

Entende-se por indo-europeu a língua tronco, pré-histórica, falada há cerca de três mil anos antes de Cristo numa região ainda incerta da Europa Oriental. Daí se espalhou, em virtude de grandes movimentos migratórios, por uma parte da Ásia e uma grande parte da Europa, constituindo amplos grupos ou famílias dialetais. Desses grupos, depreendidos principalmente pelo método comparativo, temos documentadas algumas línguas hoje mortas, como o sânscrito (na Índia), o  velho-eslavo ou eslavo eclesiástico  (nos Bálcãs), o Gótico (também nos Bálcãs), o grego (na Grécia). Dessas línguas uma é o latim, do grupo itálico, cuja existência na região do Lácio, na Itália, está documentada desde o século VII a. C. A essas línguas prendem-se, por filiação direta, ou indireta, as principais línguas modernas  da Europa.

Examinando a estrutura interna das línguas bem como comparando línguas de um mesmo tronco, os linguistas conseguiram reconstruir formas primitivas de uma determinada família de línguas. Uma técnica particularmente eficiente, e ainda não superada, de reconstruir as línguas “mortas” é o método comparativo. Comparando as diversas línguas ou dialetos descendentes, a história linguística de uma família de línguas pode ser parcialmente reconstruída e representada numa árvore genealógica.
Devido às limitações do presente trabalho, deixamos de desenvolver outras características importantes do indo-europeu, tais como: a existência de aspecto verbal, o complexo sistema de declinações, os morfemas reduplicativos e suas funções.


HENRIQUE VIEIRA DE OLIVEIRA.

domingo, 3 de novembro de 2013

LINGUÍSTICA HISTÓRICA
   Pontos importantes:
·       História da Linguística Histórica
·      Tipos de mudanças possíveis nas línguas do mundo ( som, analogia,gramática e semântica)
·         Classificação Genética
->Início dos estudos da Linguística Histórica no fim do séc. XVIII por Sir William Jones.
 Mudanças de som= Lei de Grimm (as consoantes sonoras /b/, /d/ e /g/ correspondiam à série de consoantes fricativas /f/, /x/ e /θ/
Lei de Verner= aconteceu alguma mudança fonológica posteriormente às mudanças de som propostas por Grimm, em que as consoantes fricativas 
(produzidas pela passagem do ar) das línguas germânicas se tornaram oclusivas sonoras.
Neogramáticos: eram contra os métodos vigentes da comparação linguísticas pois os comparatistas se baseavam em dados da língua escrita e não da língua falada. Segundo os neogramáticos, as leis de mudança de som operam sem exceção.
Mudança Linguística
Características
·         -São lentas e graduais;
·         -Parciais, envolvendo apenas partes do sistema linguístico;
·         -Sofrem influência de uma força oposta ( preservação da intercompreensão)
Mudança de Som
   Deve haver uma variação linguisticamente não distintiva entre dois ou mais sons, durante certo período de tempo.
Classificação das mudanças de som
    -Perda ou adição: um fonema é perdido ou ganho como resultado da mudança.
   -Assimilação: um som condiciona a ocorrência de outro.
a)      Regressiva: consoantes e vogais.
b)      Progressiva: um som se assimila a outro que o precede.
c)      Enfraquecimento: consoantes em ambientes intervocálicos.

   -Dissimilação: um de dois sons similares se modifica para ampliar mais a diferença entre eles.
   -Duração ( prolongamento)
  - Alongamento compensatório: a primeira consoante de uma sílaba pesada cai. Para compensar, a vogal que a precede se prolonga. ( Comum nas línguas indo-europeias)
- Metátese: inversão de dois sons adjacentes, envolvendo uma consoante líquida e uma vogal.


Analogia
De acordo com Arlotto: “ processo pelo qual uma forma se torna mais parecida com outra forma com a qual ela é de alguma maneira associada.”

Mudança Gramatical Mudança no sistema gramatical: perda da flexão nominal.

Mudança Semântica
   Mudança no significado das palavras.

Mecanismos que promovem a mudança semântica

   Aparecimento ( neologismo): pode ser causado pela necessidade de nomear novas descobertas, invenções, atividades ou tendências ligadas a um nome próprio. Na classe de nomes é mais comum, pelo processo de empréstimo linguístico.
  Obsolência: oposto ao aparecimento. Um item lexical deixa de existir em uma determinada comunidade linguística devido à sua baixa frequência de uso.
  Contato Semântico: um item lexical adquire outro significado a partir de um contexto específico.
  Isolamento de Formas: um item particular de um grupo relacionado de formas ( paradigma) se distancia do resto e assume um significado distinto.
  Deslocamento Semântico
- Extensão: os sentidos de um dado item lexical aumentam em número com o passar do tempo.
- Estreitamento (restrição): um item lexical tem seu significado estreitado.
- Uso figurativo
: deslocamento ( normalmente intencional) do sentido original de uma palavra. ( metáfora, metonímia, sinédoque)
- Desvio um item lexical continua a existir, apesar do seu significado mudar sem grandes mudanças no campo semântico original.


Classificação Genética

Processo pelo qual línguas distintas são agrupadas em determinada classe, seguindo critérios que podem ser tipológicos ( compartilhamento de traços fonético-fonológicos e gramaticais) ou teóricos ( ocorrência de correspondências recorrentes entre elementos linguísticos não-universais).

Tronco linguístico: formado por uma ou mais famílias linguísticas, onde cada família possui uma ou mais línguas-irmãs.

Línguas isoladas: não são geneticamente classificadas como pertencendo a um grupo linguístico ou outro.
Ex: basco. Koaiá, aikaná, irántxe,trumai...

Reconstrução Linguística

Tem o objetivo de reconstruir a língua mãe, descrevendo da forma mais completa possível as mudanças que se sucederam, e que resultaram nos seus descendentes. Faz-se a utilização do método comparativo.


Referência: Introdução à Linguística: domínios e fronteiras  vol.1, 4ª edição
Organizadoras: Fernanda Mussalim e Anna Christina Bentes
Capítulo 2, Nilson Gabas.


Bibliografia; John Lyons, Linguagem e Linguística
Capítulo 6                                                                                                                                           

                                                                             por PATRICIA CAUANA

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Letras - 2° semestre
Grupo: Henrique Vieira, Jefferson ferreira, Patrícia Cauana e Xênia Monteiro.
O enfoque do nosso trabalho segue a partir do estudo da Linguística histórica (ou linguística diacrônica) que é a disciplina linguística que estuda o desenvolvimento histórico de um a língua - como ela surgiu, quais línguas influenciaram sua estrutura e uso, as mudanças que sofreu ao longo do tempo e o porquê dessas mudanças, etc.